Albergaria Hospital de Reigoso

A ALBERGARIA-HOSPITAL DE REIGOSO foi fundada em 1195, por um como reza uma inscrição latina gravada numa pedra calcária do arco cruzeiro da igreja daquela freguesia. Revelou esta inscrição e dela deu primeira notícia, em 1921, Amorim Girão. Este edifício terá sido mandado construir põe , um antigo alcaide ("pretor", no latim bárbaro) de Coimbra, de nome Cerveira.
A Albergaria manteve-se durante séculos e deve ter desempenhado papel importante no campo assistencial da região, porquanto aparece referenciada em vários documentos das chancelarias reais, muitas vezes designada por Hospital de Reigoso.
Em 1758, em resposta aos Inquéritos Paroquiais, diz o pároco da freguesia: "...tem (Reigoso) uma albergaria com a obrigação de quatro camas, agua, lenha, lume, candeia e sal, que administra o parocho sem renda alguma mais os quartos que se pagarão á Igreja por ser instituída pelo fundador da mesma igreja e por isso não se paga dizima nem premissa"
No seu último escrito sobre este assunto (1932), diz-nos Amorim Girão que, em 1906, o que restava do edifício da Albergaria e passara a fazer parte do passal foi vendido como bens nacionais, como se lê na carta de arrematação, onde se fala de "um prédio que consta de uma casa desmantelada, conhecida por casa do hospital". E os velhos da povoação lembravam ainda uma mulher que servia de "hospitaleira" e vivia de um subsídio que lhe dava o pároco.
Da Albergaria de Reigoso, para além da inscrição latina, que se encontra na igreja, ficou outro testemunho material importante: um marco que assinalava o hospício e que o povo chamava "Padrão da Albergaria", Encontrava-se no fundo da povoação, à beira da estrada romana Viseu-Águeda, que continuou a ser importante itinerário medieval. É um grande bloco de granito - actualmente à guarda da Assembleia Distrital - em forma de paralelepípedo, com 0,45 de aresta de base quadrada e 2,14 de altura. Tem gravada a seguinte inscrição:
PEREGRINO
VINDE AO HO
SPITAL DER
EIGOZO QEU
VOS DAREY
CAZA CAM
A AGOA FO
GO AZEYTE
E SAL
A inscrição convidava o peregrino a acolher-se ao Hospital de Reigoso, onde encontraria casa, cama, água, fogo, azeite e sal.