Torre de Vilharigues

A torre, ou castelo, de Vilharigues foi edificada nos finais do século XIII, estando possivelmente inserida no sistema defensivo das terras de Lafões, estruturado desde o século XI, que incluía várias torres senhoriais e atalaias dispersas pela região.
Os elementos estruturais que a constituem, como a presença de matacães, foram introduzidos na arquitectura militar portuguesa durante o reinado de D. Afonso III, e no reinado seguinte a arquitectura senhorial assimilou-os como signos de prestígio e poder.
De planta quadrangular, erigida sobre um podium , a torre encontra-se em avançado estado de ruína, subsistindo muito pouco da estrutura original.
Reconstituem-se duas das fachadas, uma com janela de mainel e parte de um balcão de sacada assente sobre quatro cachorros, outra com balcão ao qual se acede por porta rectangular.
O interior estaria dividido em três andares, sendo ainda visíveis os suportes murários dos pavimentos.
 
A Torre medieval de Vilharigues foi recentemente recuperada, duma forma original, juntando elementos construtivos "transparentes" às paredes de granito originais. Esta torre tem a particularidade de estar localizada num ponto alto com uma vista fantástica sobre a Vila de Vouzela e Vale de Lafões, deixando ainda ver, para oeste, a aldeia de Paços de Vilharigues aconchegada numa cama lindíssima de lameiros verdes. O acesso à Torre é muito fácil: fica mesmo ao lado da via que faz o acesso da A25 a Vouzela, para quem utiliza a saída 13 desta autoestrada. Vale muito bem o desvio e a paragem. E já agora, daqui ao Paço da Torre são apenas 13 kms. Para quem não conhece a história destas Torres Medievais, aqui deixo um texto retirado do site da CM de Vouzela: As torres medievais existentes no concelho de Vouzela fazem parte de um fenómeno que se estendeu, de forma mais ou menos linear e sincrónica, por toda a Europa. Em Portugal teve maior incidência a Norte e na Beira. Inspirada na torre de menagem, esta construção fortificada surge entre o séc. XII e XIII, sendo adoptada como residência pela pequena e média nobreza. Sinal de autoridade local e de ostentação apresenta um modelo rígido composto geralmente por três ou quatro pisos sobradados (rés do chão, primeiro segundo e terceiro pisos). O rés-do-chão, divisão térrea, era destinado a arrumos. A entrada dava acesso direto ao primeiro piso, onde o senhor recebia os que o visitavam. O último piso, de carácter mais íntimo, acolhia os aposentos dos que aí moravam. Numa altura em que a riqueza dependia, em muitos casos, do número de terras possuídas ou do número de direitos sobre elas recaídos, «as casas torre eram o mais nobre e evidente sinal de senhorio sobre uma terra.» Este tipo de habitação senhorial, de carácter rural, difundiu-se, sobretudo, em pequenas zonas afastadas do domínio das famílias com poderes há muito firmados. Em busca de prestígio, da ascensão social, do lucro e do poder, as pequenas linhagens edificavam as torres em locais férteis, como vales e zonas fecundas em cursos de água. Sumariamente, as casas-torre observadas na região são testemunhos de uma economia assente na exploração agrícola. Simbolizam a iniciativa individual na busca do lucro e da afirmação social. A sua existência denuncia que no passado a região de Lafões era um espaço convidativo, fértil, bem localizado, que oferecia as condições necessárias às pretensões da pequena nobreza e segundas linhagens.