Padre Simão Rodrigues

O padre Simão Rodrigues, um dos companheiros de Santo Inácio de Loiola na aventura da fundação da Companhia de Jesus, foi o primeiro jesuíta a chegar a Portugal.

Em 1546, com a fundação da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, foi nomeado por Santo Inácio como primeiro Superior Provincial. Este ano, celebra-se o V centenário do seu nascimento, ocorrido em 1510, em Vouzela.

Foi ordenado sacerdote em 24 de Junho de 1537, em Veneza, e faleceu em Lisboa, na Casa Professa de S. Roque, em 15 de Julho de 1579. 

Simão Rodrigues de Azevedo, de seu nome completo, partiu para Paris em 1527 para dar início aos seus estudos universitários.

O Rei de Portugal tinha-lhe atribuído uma bolsa e Simão ficou alojado no Colégio de Sta. Bárbara, dirigido pelo português Diogo de Gouveia, o Velho. Aí, fez amizade com Santo Inácio e os seus primeiros companheiros.

Em 1536, recebeu o grau de mestre em Artes e, em seguida, estudou Teologia. Em 1540, correspondendo a um pedido de D. João III, Santo Inácio enviou-o para Lisboa, juntamente com S. Francisco Xavier, destinando ambos às missões na Índia. Na realidade, Simão Rodrigues acabaria por permanecer em Portugal, com o encargo de formar missionários para as terras de além-mar.

Em Janeiro de 1542, D. João III doou à Companhia de Jesus o mosteiro de Santo-Antão-o-Velho que seria o primeiro colégio dos jesuítas em Portugal.  Em Julho desse mesmo ano, Simão Rodrigues, sempre com grande apoio da Coroa, fundou o Colégio de Jesus, em Coimbra, e preparou a fundação do Colégio do Espírito Santo, em Évora.

Em 1551, os três colégios já somavam cerca de 250 jesuítas. Promoveu, também, com grande entusiasmo, as missões no Oriente, em África e no Brasil.

Deve-se a ele a partida, em 1549, do PADRE Manuel da Nóbrega com mais cinco companheiros destinados a fundar a missão do Brasil. Fomentou, também, missões populares no interior do País.

Durante os anos do governo do padre Simão Rodrigues como Provincial, a Companhia de Jesus cresceu rapidamente em Portugal. No entanto, esses anos não foram sempre pacíficos e sofreram-se as consequências de um crescimento talvez demasiado veloz. 

Simão Rodrigues foi acusado pelos opositores de ser demasiado brando no seu governo e, em 1552, foi deposto do cargo de Provincial. Começou, então, uma longa peregrinação que o levaria a Roma onde foi submetido a um processo interno.

Os quatro juízes jesuítas impuseram-lhe duras penas, que aceitou com humildade, mas Santo Inácio perdoou-lhas, mantendo apenas a proibição de voltar a Portugal. Permaneceu em Itália e, a partir de 1564, fixou-se em Espanha. 

No tempo de S. Francisco de Borja como Geral da Companhia de Jesus, já havia planos para autorizar o regresso do padre Simão Rodrigues a Portugal.

A morte de Borja impediu que se concretizassem esses planos mas o padre Mercuriano, que lhe sucedeu, permitiu finalmente o regresso de Simão Rodrigues a Portugal, depois de vinte anos de ausência.

Chegou a Coimbra em 1573 e contribuiu com os seus conselhos, autoridade e exemplo de vida para a superação dos problemas que ainda afectavam a Província de Portugal. A pedido do padre Mercuriano, escreveu um relato sobre a fundação da Companhia de Jesus, muito valorizado pelos historiadores.  Passou os últimos anos de vida na Casa Professa de S. Roque, em Lisboa.

Uma inscrição junto à entrada da sacristia da Igreja de S. Roque assinala, ainda hoje, o local onde repousam os seus restos mortais.

A historiografia jesuíta tem acentuado, por vezes unilateralmente, alguns aspectos mais negativos da vida do Padre Simão Rodrigues.

Ultimamente, têm surgido juízos que vão mais na linha da reabilitação da sua figura. De facto, apesar dos defeitos do seu temperamento, um tanto inconstante, fundou sobre bases sólidas a Companhia de Jesus em Portugal e formou um grande número de jesuítas eminentes.

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